Leve [Mente] Ácida
"Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente (...): preciso de todos." (Carlos Drummond de Andrade)
quarta-feira, maio 01, 2024
Luto por um amor que não morreu.
terça-feira, abril 30, 2024
Talvez.
Foi lindo porque era a gente... e não há dúvida sobre isso. E nunca mais será tão perfeito, tão mágico, tão imenso, tão intenso, tão tudo... simplesmente porque não seremos mais nós...
Talvez nos procuremos em bocas, peitos, cheiros e olhares outros, mas nunca nos encontraremos, porque nossa história se imortalizou nos momentos únicos e inéditos que nós protagonizamos. Nós. Apenas nós. Únicos. Irrepetíveis. Tão loucos e ao mesmo tempo tão impérfidos... nós... morando eternamente naqueles segundos impassíveis de serem apagados, substituídos ou sequer superados.
Talvez encontremos outros abraços, outros beijos, outros sexos, outros corpos... e quando nos despirmos de nossas roupas diante deles, nossa retina se negará a fotografar coisa alguma, pela total falta de sentido que isso fará... eles nos serão sempre estranhos, e no breu do fechar das nossas pálpebras enxergaremos apenas um ao outro, encerrados na memória perene que impede que um amor da magnitude do nosso caia em meio ao vão de um vácuo qualquer.
Talvez sigamos caminhos diferentes mas é certo que em algum momento da eternidade eles se cruzarão em um único novamente; almas afins estão destinadas a se encontrarem em algum momento, e essa é a razão pela qual sinto paz, mesmo estrangulada de saudade.
A carruagem do tempo não para, e não há como saltarmos com ela em movimento. Não há escolha outra senão caminhar em frente, coluna reta, peito empinado, olhos fixos no horizonte, ainda que o coração permaneça parado na estação da nossa breve história desta encarnação. Mas o tempo, ele é sábio, e nos conduzirá um ao outro quando a urgência das nossas almas irromper o véu dele mesmo. Então, enfim, nada nem ninguém nos deterá. Pra todo o nosso sempre.
segunda-feira, abril 15, 2024
Irrevogável.
Diga-me: já estamos no inverno? Perdi um pouco a noção do tempo depois que a primavera nos abandonou. Se souberes, responda-me também: em que ponto da sua órbita a Terra estaria mesmo? Mais longe ou mais perto do sol?
Pergunto, pois os dias têm sido amenos. Já as noites têm me engolido com seu silêncio profundo e atroz. Deito-me e, dentre tantas certezas, me deparo com uma aparentemente irrisória, mas que traz paz e me faz adormecer: na grade das existências pretéritas, estamos desde sempre enredados às teias do destino. E isso é tão imutável quanto irrevogável.
Ainda assim, sigo derramando amor na paisagem bela da tua face que cruzou meus dias... como olvidar o fato de que ambos fomos resgatados dos nossos respectivos obtusos mares de viver? Se fomos presenteados com a dádiva do reencontro, por que permitimo-nos nos perder?
A outra certeza que me assola, a de que a força mais poderosa do universo nos une onde quer que estejamos, me acalenta. Estamos ligados pelos séculos sem fim, porque o amor é eterno e seus laços, indestrutíveis. Sigo reinventando uma forma de sobreviver por pura falta de opção. E se, em breve, não refizermos o nosso caminho, aceitarei tal agrura infligida a mim pelo teu livre-arbítrio. Não temo; eu vou te esperar na esquina mais florida e iluminada da nossa próxima existência...
domingo, maio 20, 2018
Domingo.
Querido Heitor,
terça-feira, maio 15, 2018
E se.
segunda-feira, maio 07, 2018
Assumindo.
Querido Heitor,
domingo, maio 06, 2018
Pra que saber?
Bom dia, Heitor!
Você me disse que nunca sofreu por amor e, na hora, eu fiquei me perguntando como alguém na sua idade poderia ter passado ileso pelas ciladas desse mocinho-bandido. Mas, pudera, Heitor. Você nunca amou. Pensa que ama. Você confunde bundas, bucetas e peitos com amor, e abre a boca com toda a irresponsabilidade da vida pra dizer que ama. Ama o caralho, Heitor! Você patina pelas pessoas, vive dos momentos que consegue proporcionar a elas e, consequentemente, a si. Você não sabe o que é ter água pelo pescoço, arriscar dar mais um passo, não dar pé, se afogar, morrer e ressuscitar. Você brinca no raso, às vezes desequilibra e toma um leve caldo, engole um pouco de água, tosse, levanta, nem troca o lençol e já joga outra em sua cama. Você é tão superficial quanto risca a pele das pessoas. O problema é quando você pega gente sem pele como eu. Nascida queimada em terceiro grau. Sensível e intensa de doer. Aí você risca a alma. E dor de alma só sente quem tem uma o que, definitivamente, não é o seu caso.
É bem verdade que vivi muitos bons momentos com você. Excelentes. Perfeitos. Não sobrepujam a dor que você me causou, mesmo essas duas coisas estando separadas pela mais tênue linha que possa existir nessa vida. Ou talvez porque, pra mim, sejam coisas miscíveis. O fato é que você não tatuou só meu corpo, mas também minha alma. E ao final, você também não fodeu só meu corpo; fodeu minha alma, e agora tá fodendo outra por aí. Você segue um padrão podre, Heitor. Fétido. Desprezível.
Portanto, pra que saber de mim? Pra que eu saber de você? Morremos um para o outro no dia em que você desfez nosso laço, e mortos desaparecem. Decompõem-se. Pra uns viram anjos, pra outros demônios, e pra outros nada. Não acredito em anjos e demônios, Heitor, sabes bem disso. Restou-te o nada.
Com nada,
Helena
quarta-feira, maio 02, 2018
O tempo.
Querido Heitor,
terça-feira, maio 01, 2018
Pronome possessivo.
Meu Heitor,
Ouso começar a carta de hoje te chamando como sempre te chamei. Várias vezes comentei o quão eu achava magnífica a força embutida em um pronome possessivo, lembra? Por isso, Heitor, começo assim, ainda que a realidade grite o contrário.
Faz tempo que não choro, Heitor. Mais de uma semana, sem derramar uma lágrima, acho. Não sei se é a dinâmica da vida trazendo as coisas pra os seus devidos lugares ou se é meu cinismo disfarçado que adora varrer meu lixo sentimental pra debaixo do tapete da minha existência. Se a segunda opção estiver correta, sinto dizer, estou fudida. Mas, de fato, desde que optei por fingir que você já não existe, fiquei mais forte. Ou seria menos fraca? Não sei bem. Optei por te matar para poder seguir com o mínimo de paz até que o sentimento que ainda tenho por ti se esvaia por completo e as lembranças parem de me sufocar. Porque isso vai acontecer, Heitor, mais cedo ou mais tarde.
As evitações diárias que crio para poder te manter abaixo de sete palmos de terra, entretanto, não respeitam o sono. Eu não deveria, talvez, te dizer isso, Heitor, mas quando eu sonho com você o meu dia rui e ao mesmo tempo tua lembrança me inaugura por minuto e por completo. Paradoxo e intenso, não? Como minha vida todinha.
Vou ficando por aqui, porque o sono já me entorpece. Imagino que esteja se perguntando se voltei para o Rivotril que você tanto odiava, mas querido, me compreenda: por hora é necessário e contundente.
segunda-feira, abril 30, 2018
A queda.
Heitor,
Você, Heitor, como um ser invisível, entra e sai sem o mínimo de empatia no jogo da vida das pessoas. Permanece intacto. Aparentemente, vencedor. Passeia pelos destroços, chuta ainda algumas pedrinhas, arrisca um sorriso amarelo e insosso, acena a mão. Coletes à prova de bala, pra quê? Nada te atinge, nem a minha dor, nem a indignação da platéia, nem a mágoa da concorrência. Ileso e de consciência de pluma, você vira as costas e some agarrado com o troféu à tiracolo: já não mora mais ali, és apenas um curioso expectador.
domingo, abril 29, 2018
Sobre.
Caro Heitor,
Essa era eu. Sempre me desculpando pela gota do café que eu derramava na estante, pela toalha que eu esquecia de pôr no varal pra secar, pela sua cueca que eu esquecia de lavar, pelo computador que eu esquecia de carregar. Mas, por que mesmo tanto perdão sem culpa efetiva? Na verdade, se você pudesse sentir o quanto tudo isso que você me fez passar dói, quem iria pedir desculpas seria você. De joelhos.
sábado, abril 28, 2018
Finish.
(Mari Teixeira)
sexta-feira, abril 27, 2018
Idos Janeiros.
quinta-feira, abril 26, 2018
Sim e não.
quarta-feira, abril 25, 2018
Nunca.
terça-feira, abril 24, 2018
Mais que tudo.
segunda-feira, abril 23, 2018
Passion.
domingo, abril 22, 2018
Frio.
quinta-feira, abril 19, 2018
Sobre vulcões.
quarta-feira, abril 18, 2018
Eu queria que fosse você.
Heitor,
Com o amor de sempre,
Helena
terça-feira, abril 17, 2018
Balança.
(Mari Teixeira)
segunda-feira, abril 16, 2018
A vida é tão rara.
(Mari Teixeira)
sexta-feira, abril 13, 2018
Paliativos.
Noite passada eu saí com uma amiga. Se eu continuasse naquela cama, iria explodir o quarteirão inteiro, e eu sei, os vizinhos não têm culpa das minhas desilusões amorosas, então, achei mais justo implodir tudo aquilo em meio a um bom papo, uma companhia agradável, um ambiente legal e algumas cervejas puro malte. Enfim, eu maquiei a cara, o ego e os sentimentos, coloquei uma máscara dourada na dor, um salto 11 nos pés, me transportei para outra dimensão e me pus a atuar da forma mais tosca e vagabunda que uma genuína pisciana poderia fazê-lo: pessimamente mal.
Bêbada,
Helena
quinta-feira, abril 12, 2018
É você.
quarta-feira, abril 11, 2018
Um caos.
Voltei a beber depois que você me deixou, acredita? Ando trocando o dia pela noite também. Há dias que nem o Rivotril pode com a saudade. Provei até de um cigarro esses dias - e odiei. Outro dia um amigo me disse que perdi o filtro pra determinadas coisas só porque a vizinha morreu e além de eu não ficar triste eu disse que não fiquei triste. Era uma daquelas vizinhas fofoqueiras que vivia pra dar conta da minha vida, Heitor. Fiquei pensando: será que perdi mesmo? Meu cérebro não sabe responder, ele só entende que eu perdi você. Deu medo. Imagina, você bem sabe, que eu já sou sincera, e viver em sociedade sem o mínimo de censura é suicídio moral na certa. Mas acho que não é isso, não. Acho que eu estou tão ocupada com minha tristeza, minha dor, minha perda, meu luto, que não consigo enxergar o do outro. Sei lá, estágios de dor aguda sempre me maltratam muito e é justamente aí que eu extremizo e me vandalizo. Ser 8 ou 80 dói como ter uma pedra no rim.
No táxi, a caminho do psiquiatra, eu pensava no quanto eu não consigo te odiar mas me odeio todos os dias por essa incapacidade latente. Tenho andado sempre em linha reta, olhos firmes no horizonte, pois o medo de reviver aquela cena do restaurante me assalta a cada segundo.
Entretanto, sei que a vida continua. Eu tenho muito que fazer e concluir antes que junho aponte no calendário porque, depois disso, o mundo me espera.
Com dores lancinantes no peito,
Helena
terça-feira, abril 10, 2018
domingo, fevereiro 25, 2018
Dói, mas faz parte.
Mari Teixeira
sábado, agosto 19, 2017
Não é.
Não. Não é porque ela frequenta festinhas e baladas e bebe tequila até o dia amanhecer que você não namora com ela. Não é porque ela usa cropped com mini-saia, porque abusa do decote e adora short curto. Não é porque ela é adepta ao batom vermelho ou porque ela já teve oito namorados e meio. Não. Não é porque ela dá no primeiro encontro ou porque faz cu doce que você não apresenta ela aos seus amigos. Não é porque ela é espiritualista e você abomina a reecarnação, ou porque os melhores amigos dela são homens. Não é porque ela é magrinha ou gordinha, porque tem a bunda pequena ou os seios grandes. Não, não é. Não é porque ela te enche de mensagens fofas, é atenciosa e dedicada ou porque te dá uma gelo antártico e um coice por dia que você não a leva pra conhecer seus pais. Não é por isso. Não é porque ela é independente, tem seu carro, sua profissão, sua grana, chega e sai quando quer, que você desistiu dela. Não é.
É porque você não a ama. Porque seus olhos não conseguem brilhar quando vêem o sorriso dela todo bobo pra você. É porque nada do que ela faz e diz, por mais lindo, romântico e bem intencionado que seja, faz o mínimo sentido pra você. É porque a voz dela não consegue fazer fibrilar nem um pouquinho esse seu coração de aço inoxidável vagabundo, e os seus beijos não passam de um passatempo esporádico que perde pro jogo do Corinthians. É porque você não consegue mensurar o valor e a grandeza dela, e muito menos conseguiria se alargar pra poder fazê-la caber em sua vidinha medíocre, pois isso é mesmo uma missão impossível pra um ser humano tão engessado que nem você. É porque prefere colecionar pessoas ao invés de momentos.
E isso não é culpa sua. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém e tá tudo bem. Mas é obrigado a ser sincero, ou pelo menos deveria ser. Porque permitir que o outro construa um castelo em cima da areia é coisa de filho da puta, e, meu bem, ninguém merece um tipinho desse na vida. Ninguém merece engolir mentiras, desculpas, traições, fingimentos, cinismo e afins. Eu não duvido que você até que você goste da companhia dela, que sinta tesão por ela, que seu corpo responda ao calor do dela, que a cama vire um caldeirão, coisa e tal, mas você já passou dos dez anos faz tempo e sabe muito bem discernir atração física de amor. Então para de querer inflar seu ego de macho-alfa desesperado por auto-afirmação e tenha a dignidade de ser, no mínimo, sincero. Você não a ama. Bate essa porta e vai embora, mas vai ciente que a chave está do lado de dentro e que talvez o seu retorno esteja bloqueado. Pra sempre.
terça-feira, agosto 15, 2017
Ele sabe.
Ele sabia. Ele sabe. Ele sempre soube. A vagabunda da minha transparência nunca teve competência suficiente pra se opacificar por um segundo sequer, e não deu n'outra: ele leu nos meus olhos, nos meus gestos e no meu beijo que eu já era dele. Toda dele. Só dele.